quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A foto do dia

Hoje, Jody Scheckter cumpre 65 anos de vida. Acho engraçado saber que ele tenha nascido precisamente onze dias depois de Gilles Villeneuve, seu companheiro de equipa na Ferrari em 1979 e 1980, e notoriamente um dos seus melhores amigos no automobilismo. Mas a foto que escolhi hoje (tirada por Robert Murphy) faz recuar ao inicio da sua carreira e à fama que tinha então. E o que fez mudar isso.

Scheckter, de origem judaica, era filho de um revendedor da Renault em East London, na África do Sul. Chegou à Grã-Bretanha em 1971 e rapidamente ganhou a alcunha de "Baby Bear" devido ao facto de ter pé pesado e não ser lá muito delicado em termos de condução... a sua velocidade foi vista pela McLaren, que o contratou no final de 1972 para o seu terceiro carro. Cedo mostrou que podia acompanhar os pilotos da frente, mas não conseguia levar o carro até ao fim.

Aquela temporada de 1973 mostrou um Scheckter selvagem, mas tornou-se marcante para a memória do jovem sul-africano. A marca tinha-lhe dado um contrato para correr no terceiro carro da marca, no ano em que iriam lançar o M23, o carro mais bem sucedido até então. Não correu com ele em Kyalami, mas deu nas vistas, andando no terceiro posto até perto do final, onde teve problemas mecânicos e abandonou.

A sua segunda oportunidade foi em Paul Ricard, no GP de França, onde conseguiu ficar na primeira fila, ao lado de Ronnie Peterson e de Jackie Stewart. E durante muito tempo, liderou a corrida, acossado por Emerson Fittipaldi, que sempre o tentou passar, sem sucesso. Até que na volta 41, o brasileiro tentou passá-lo numa manobra arriscada, do qual Scheckter só teve tempo para fechar a porta.

Apesar de ter sido ele a arriscar, Fittipaldi não hesitou em afirmar que Scheckter era um perigo. E na corrida seguinte, em Silverstone, ao arrancar outra vez das primeiras posições e causar a carambola que eliminou onze carros da prova, parecia que o campeão do mundo tinha razão.

Mas o momento em que muda Jody Scheckter para sempre acontecerá na última corrida do ano, quando ele já têm no seu chassis o numero 0 (apropriado...) e a fama continuava. Na corrida anterior, em Mosport, tinha causado uma colisão com o Tyrrell de Francois Cevért, que causou a interrupção da corrida e a infame entrada do Pace Car, que deu uma enorme confusão. Apesar de todas as advertências, isso foi o suficiente para que Ken Tyrrell o quisesse para a sua equipa em 1974, já que Jackie Stewart iria retirar-se. Ele iria correr ao lado de Francois Cevért, que não tinha esquecido o que tinha acontecido na corrida anterior, e - conta-se - quando viu o McLaren, decidiu acelerar mais do que devia.

Uma coisa é certa: Scheckter foi o primeiro carro a chegar ao local do acidente fatal. Foi o primeiro a ver a Formula 1 no seu pior. E deve ter sido uma imagem que o marcou para o resto da sua carreira e da sua vida. Ele fala que aquela visão o fez dosear a sua agressividade, e que apenas queria ser campeão do mundo, para poder ir embora. Quando o fez, em 1979, cumpriu o ano que faltava na Scuderia antes de ir embora de vez, aos 30 anos de idade. Poucos se tinham retirado tão cedo como ele, e a razão era válida: conseguira o que queria, e não fazia mais nada por ali.

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