terça-feira, 30 de junho de 2015

À caça de gambuzinos

Tem dias que dá nisto. Quem me conhece, sabe que gosto do que faço, e faço-o bem feito. E isso me deu ao longo destes oito anos de existência deste blog, vários convites para colaborar em sitios de automobilismo. Colaborei em sites como o Supermotores, o Portal F1, o Motordrome, a revista virtual Speed e recentemente, o Nobres do Grid e o Vavel Portugal. Sempre colaborei em automobilismo, escrevi sobre Formula 1, Ralis, Formula E, IndyCar, etc. Escrevi muito sobre a história e claro, sempre fui muito profissional e dei sempre o melhor, mesmo em momentos em que tinha de lutar contra mim mesmo e o meu desânimo, sempre que tinha frustrações de vária ordem.

Quando comecei nesta aventura, em 2007, estava desempregado, e sempre achei que isto serviria para duas coisas: a primeira, para me treinar a escrever noticias, reportagens, entrevistas, cronicas e afins, e a segunda serviria como montra para um possível empregador, que me recrutasse e pudesse por fim viver o meu sonho: ser pago para escrever. O sonho realizou-se por duas vezes, uma no inicio de 2009, quando fui para um jornal desportivo local, o Desporto Total, e a segunda, no outono de 2011, no Portal F1, quando me contrataram para escrever na versão portuguesa, pois o site tinha uma base inglesa.

Infelizmente, as experiências foram curtas: a primeira terminou cinco meses depois, com salários em atraso - sou credor de 2100 euros, e provavelmente nunca mais verei esse dinheiro - e a segunda também terminou ao fim de cinco meses, depois de divergências entre os dois sócios que tomavam a conta do negócio. Felizmente, nunca houve salários em atraso.

Há momentos em que sinto que voltei à casa de partida, e este é um deles. O pior disto tudo - daí o título, é que sempre que tenho um convite e o aceito, é daqueles em que a colaboração "é para aquecer", ou seja, não há dinheiro. É tudo voluntário. Sempre me contaram que nestas coisas, o dinheiro é um grande incentivo para continuar. Continuar a colaborar, a apresentar ideias, a melhorar o produto. Tive momentos em que vi coisas que poderiam ser geniais se arranjassem dinheiro para pagar a todos, arranjar publicidade ou um financiador. O momento mais frustrante foi a Speed, que poderia ter sido uma excelente revista se fizesse isso. Infelizmente, ou não conseguiram, ou não compreenderam a ideia. E perdeu-se uma chance.

Não vou dizer que não sei fazer outra coisa - claro que sei, e se aparecesse a oportunidade, não a enjeitaria - mas adoraria viver disto. Ter o meu pé de meia para colocar de lado e investir noutras coisas. Não quero abandonar isto, mas creio que é altura de deixar de ser ingénuo e não aceitar mais colaborações gratuitas. Para isso, já faço aqui. Ir para outros lados esperando que algum dia seja pago é um pouco esperar que chova no deserto. Isso pode nunca acontecer, ou quando acontecer, sera demasiado tarde.

Portanto, a partir de agora, terminaram as colaborações. Para além do blog, a unica excepção será a do Nobres do Grid, porque é uma coluna de opinião mensal. Sinto-me cansado de ao fim destes anos todos, terem sido mais as colaborações não-pagas do que pagas. E sinto também uma grande frustração porque ao longo deste tempo todo, a minha ideia de ter um sitio funcional, pago, onde todos saíssem beneficiados, esbarrasse com incompreensões e com intenções diferentes. Confesso-me até surpreso por não ter encontrado ninguém em português - quer em Portugal, quer no Brasil - que quisesse escrever sobre automobilismo e ser pago por isso, como fazem o Motorsport Brasil ou o Grande Prêmio. Acho que há muito romantismo por aí, e muito amadorismo também. Daí a efemeridade de muitos desses projetos em que me vi envolvido.

Acho que é altura de serem mais sérios, e eu ser menos ingénuo. Porque já estou muito cansado e frustrado. E a minha paciência - grande, para ser honesto - têm limites. 

2 comentários:

Rateco disse...

Concordo totalmente consigo. Passa-se o mesmo no meio musical amador do qusl faço/fiz parte. "Ah e tal,tocais,mas isto tá mal para pagar". E esquecem-se do tempo,e dinheiro investido. Também eu pensei em ter um espaço dedicado à F1, contudo, ainda n passei da intenção. Mas a inveja que tenho do Ico e da Julianne Cesaroli...
Nuno Mata

Turbo-lento disse...

Todos temos momentos em que nos apetece mandar tudo as urtigas e fazer algo estupido como juntar-se às testemunhas de Jeová. Há que deixar o desespero entrar, contar até 10 e depois simplesmente sacudi-lo e seguir em frente.